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EducHate

Uma abordagem educativa para detetar, combater e prevenir o discurso de ódio online

Entidade promotora /financiadora

Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) (ref: 759154579), no âmbito do programa “Impacto COVID-19 nos crimes de ódio e violência”.

Entidade de acolhimento

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), Laboratório de Psicologia Social.

Principal objetivo do
projeto EducHate

O projeto EducHate visa aumentar a autoconsciência e a autorregulação moral dos cidadãos para detetar e combater o discurso de ódio online e apoiar as vítimas. Especificamente, tem como objetivo intervir em contextos educacionais, sendo dirigido a atores sociais de escolas e universidades (professores, alunos, pais), e assenta numa abordagem pedagógica participativa. O EducHate encoraja a criação de grupos de embaixadores contra o ódio nesses contextos, que serão capazes de: 1) diagnosticar discursos de ódio online flagrantes e subtis; 2) desenvolver habilidades individuais (empatia, autorregulação moral) e sociais (responsabilidade social e cívica) para combater o discurso de ódio; e 3) apoiar o desenvolvimento de contextos sociais anti-ódio. Este projeto pretende utilizar materiais digitais, atividades online e privilegiar a experiência que os participantes no projeto têm com discurso de ódio online nos seus contextos e redes.

Relevância social do
projeto EducHate

As ferramentas de deteção automática de discurso de ódio online geralmente contêm glossários e léxicos baseados em linguagem de ódio flagrante, não filtrando mensagens subtis de conteúdo de ódio (por exemplo, sarcasmo de ódio, micro-agressões, desumanização, etc.). Além disso, os mecanismos de controlo existentes para combater o discurso de ódio são consensualmente considerados ineficazes. Adicionalmente, a investigação mostra que os contextos online podem ser problemáticos para controlar o mau comportamento. Nas interações online, as pessoas tendem a apresentar níveis mais elevados de desinibição, comportamento enganador, falta de empatia e descomprometimento moral, do que nas interações face-a-face. Observamos o discurso de ódio online a aumentar enquanto as ferramentas existentes para combatê-lo parecem falhar. Além deste fenómeno já grave, a pandemia de COVID-19 veio acentuar a sua incidência. O aumento das interações online durante a pandemia intensificou o discurso de ódio online (e outros tipos de mau comportamento), assim como contribuiu para o surgimento de novos alvos de discurso de ódio (por exemplo, chineses sendo acusados de ser culpados pela pandemia, e políticos e cientistas sendo acusados e insultados por serem incompetentes no controlo da pandemia). A maioria dos projetos e programas de intervenção para prevenir e combater o discurso de ódio online concentra-se nas vítimas - para encorajá-las a denunciar - ou nos ofensores - para desencorajá-los de tais práticas. No entanto, pouca (ou nenhuma) atenção foi dada aos espectadores, ou seja, àqueles que, passivamente ou não, testemunham o mau comportamento online. Ao deixar de denunciar o discurso de ódio online, os cidadãos estão a contribuir, indiretamente, para legitimar e perpetuar a sua ocorrência e para o uso indevido das redes sociais, uma vez que o “silêncio consente”. Na verdade, tal comportamento passivo ou não-intervencionista de espectador pode representar, por si só, uma prática indireta, mas não menos consequentemente discriminatória contra grupos socialmente vulneráveis à discriminação.

O projeto envolve:

EducHate começa com a formação de uma equipa multidisciplinar (equipa EducHate), composta pela atual equipa de intervenção e alunos voluntários. Esta equipa estará localizada e irá intervir na Universidade do Porto, e vai apoiar a criação de 3 equipas de “Embaixadores contra o ódio” (compostas por professores, alunos e pais) que irão implementar o programa na sua escola local. Escolhemos 1 agrupamento de escolas do ensino básico / secundário, mas pretende-se alargar o seu âmbito de intervenção a mais escolas. Este trabalho está previsto ser desenvolvido por meio de atividades online e materiais digitais. Numa primeira fase, os embaixadores vão aprender como detetar discursos de ódio flagrantes e subtis e como denunciá-los; como apoiar as vítimas (por meio de cursos online, sessões de treino participativo, jogos de dilemas, debates e workshops); e como planear programas de intervenção escolar. De seguida, os embaixadores irão implementar os programas de intervenção locais, campanhas, blogs, atividades, debates nas suas escolas e trabalhar com os seus colegas no combate ao discurso de ódio online. Simultaneamente, os diretores das escolas serão convidados a participar na criação de uma carta de princípios contra o ódio, a reforçar as normas antidiscriminação na escola e a promover uma identidade institucional antidiscriminação. Embora se espere que estes embaixadores se tornem progressivamente autónomos, a equipe EducHate irá desenvolver um processo de monitorização em cooperação com as escolas para avaliar o programa e apoiá-los quando necessário.